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segunda-feira, 3 de março de 2025

Acadêmicos do Tatuapé: A Arte Como Ferramenta de Denúncia e Reflexão



    Por: Claudia Souza

    A Acadêmicos do Tatuapé brilhou na avenida com um desfile impactante, provocativo e absolutamente relevante. Em tempos de silenciamento e desrespeito às liberdades individuais, a escola trouxe para o Sambódromo uma verdadeira obra de arte em movimento, que transcendeu o entretenimento e se consolidou como um manifesto contra injustiças sociais.

    Muito se falou sobre o carro abre-alas da agremiação, que gerou polêmica entre setores conservadores. Vários religiosos protestaram em lives sobre o carro abre-alas assustador. No entanto, a leitura atenta do enredo revela um mergulho profundo em uma era de desigualdade, onde os pilares da justiça brasileira são questionados e expostos em sua fragilidade. Longe de representar simbolismos demoníacos, como alegaram alguns críticos desavisados, a escola denunciou a farra do sistema judicial, em que a balança da justiça nem sempre se equilibra para todos. O baixo astral da alegoria foi acompanhada por um religioso de branco benzendo a alegoria com um incenso na cerca do corredor de proteção.

    A cenografia foi arrebatadora: cofres se abriam e despejavam cifrões, escancarando a influência do poder econômico sobre a justiça. A icônica estátua da justiça segurava um homem morto, um retrato contundente do sacrifício de inocentes. Os componentes da bateria, vestidos com togas, deram um show à parte, provando que a energia e o ritmo da escola permanecem impecáveis mesmo em um desfile carregado de reflexão social.




    Por fim, a imagem poderosa de um anjo guerreiro elevou a mensagem do enredo, trazendo um povo clamoroso por paz, justiça e resistência. E, entre os elementos da cena, um único rato de preto, discreto, mas significativo, sintetizava com genialidade o que a escola quis evidenciar: os verdadeiros vilões do sistema raramente estão sob os holofotes.

    A Acadêmicos do Tatuapé não apenas desfilou; ela gritou em alto e bom som contra a impunidade e o desrespeito aos direitos fundamentais. E fez isso com a beleza, a grandiosidade e a potência que só o carnaval pode proporcionar. Um desfile memorável, uma arte transformadora e uma lição de coragem.

Mais fotos (Crédito: EBC/Agência Brasil Oficial)















Letra do Samba Enredo:


Familia Tatuapé, eu te amo

Bata seu tambor, respeite a minha fé
Reza pra quem é de aleluia
Ou pra quem é do axé

Tatuapé, o poder do povo preto
Está presente em nós
Marginalizados, excluídos
Que a justiça seja sempre a nossa voz!

A escola da emoção
Veste a toga da justiça
Podem me julgar, falar o que quiser
De Luther King e Mandela, inspiração
Respeite o meu Tatuapé!

O caos imperava, oh dor inclemente!
É olho por olho, é dente por dente
Meu povo tá sofrendo mil anos ou mais

Qual será a receita da paz?
Qual será a receita da paz?

O julgamento talhou mandamentos
Teus olhos enxergam e fingem não ver
Em nome da fé, pecou sem saber
Com a bênção do pai sou igual a você

Obanixé Kaô, Xangô
Clamei ao rei de Oyó, Justiça
A intolerância que assombra a nossa luz
Chorou Maria aos pés da Santa Cruz

Flor mulher
Templo sagrado pra se admirar
Sublime é, orgulho em toda forma de amar
A liberdade é nossa voz, é resistência
Chega de ódio, de tanta violência

Bata seu tambor, respeite a minha fé
Reza pra quem é de aleluia
Ou pra quem é do axé

Tatuapé, o poder do povo preto
Está presente em nós
Marginalizados, excluídos
Que a justiça seja sempre a nossa voz!

A escola da emoção
Veste a toga da justiça
Podem me julgar, falar o que quiser
De Luther King e Mandela, inspiração
Respeite o meu Tatuapé!

O caos imperava, oh dor inclemente!
É olho por olho, é dente por dente
Meu povo tá sofrendo mil anos ou mais

Qual será a receita da paz?
Qual será a receita da paz?

O julgamento talhou mandamentos
Teus olhos enxergam e fingem não ver
Em nome da fé, pecou sem saber
Com a bênção do pai sou igual a você

Opanixé Kaô, Xangô
Clamei ao rei de Oyó, Justiça
A intolerância que assombra a nossa luz
Chorou Maria aos pés da Santa Cruz

Flor mulher
Templo sagrado pra se admirar
Sublime é, orgulho em toda forma de amar
A liberdade é nossa voz, é resistência
Chega de ódio, de tanta violência

Bata seu tambor, respeite a minha fé
Reza pra quem é de aleluia
Ou pra quem é do axé

Tatuapé, o poder do povo preto
Está presente em nós
Marginalizados, excluídos
Que a justiça seja sempre a nossa voz!

A escola da emoção
Veste a toga da justiça
Podem me julgar, falar o que quiser
De Luther King e Mandela, inspiração
Respeite o meu Tatuapé!

Respeite o meu Tatuapé!

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