Dieta low carb não está associada a danos renais
Pelo contrário, estratégia alimentar que prioriza o consumo de proteínas e gorduras tem eficácia comprovada no tratamento de diabetes e hipertensão, duas grandes causas de doença renal crônica
A doença renal crônica é uma epidemia mundial. A estimativa é de que 850 milhões de pessoas apresentem essa condição. De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), somente no Brasil mais de 10 milhões de pessoas sofrem com a perda progressiva da função dos rins e 90 mil necessitam da diálise para garantir qualidade de vida. Como diabetes e hipertensão arterial sistêmica são dois dos grandes responsáveis por prejudicar os rins, a dieta low carb pode aparecer como uma alternativa ao combate deste mal em algumas ocasiões bem específicas, já que a estratégia alimentar restringe a ingestão de carboidrato, que em excesso no organismo leva ao desenvolvimento da diabetes tipo 2 e de outras doenças crônicas.
Conforme o médico, diretor-presidente da Associação Brasileira Low Carb (ABLC), José Carlos Souto, tal constatação pode parecer errada, haja visto que a tese difundida não apenas pelo senso comum como por médicos e profissionais da área de nutrição é de que, por privilegiar o consumo de proteína, a dieta low carb não é recomendada para quem sofre de doença renal. Isto porque, segundo Souto, já foi constatado que pacientes com insuficiência renal crônica têm dificuldade em excretar diversas substâncias, entre elas as derivadas do metabolismo de proteínas. Daí, explica o médico, conclui-se que comer muita proteína lesa os ruins, e que o macronutriente não ser consumido em grandes quantidades, tanto por quem tem quanto por quem não tem problemas nos rins.
Dito isso, inicialmente, Souto esclarece que a estratégia alimentar continuamente defendida pela entidade como a melhor para combater a obesidade, esteatose hepática, síndrome metabólica e hipertensão, não é necessariamente hiperproteica. “Estudos comparando diversos tipos de dietas constataram que as proteínas tendem a ser o macronutriente mais constante e que carboidratos e gorduras apresentam maior variação de quantidade”, explica o médico. Conforme o especialista, isto acontece porque as pessoas tendem a consumir uma certa quantia de proteína naturalmente até satisfazerem o apetite. “Além disso, o que caracteriza uma dieta low carb não é o consumo de proteína e sim a restrição de carboidratos”, diz.
Contudo, mesmo que a low carb fosse hiperproteica, desde que respeitados alguns limites, não haveria problemas, segundo o médico. Isto porque diversas pesquisas científicas já mostraram não haver associação entre consumo de proteína e dano renal. Como exemplo, o médico endocrinologista, diretor-científico de Medicina da ABLC, Rodrigo Bomeny, cita um estudo randomizado que comparou os efeitos de uma dieta low carb e um dieta tradicional balanceada de carboidratos não refinados (high carb) sobre a função renal em adultos obesos, com diabetes tipo 2 e sem doença renal.
Depois de um ano de acompanhamento, os pesquisadores constataram que a taxa de filtração glomerular e a albuminúria - indicadores estabelecidos da presença e progressão da doença renal – dos pacientes responderam de forma semelhante a ambas as dietas. Vale salientar que o grupo low carb consumiu mais proteínas do que o grupo high carb.
Se foi comprovado que consumir mais proteína não está relacionado a danos renais, ainda resta a dúvida de que dietas desse tipo não devam ser recomendadas a pessoas que já sofrem de doença debilitante nos rins. Nesse caso, primeiramente é preciso saber a gravidade da disfunção renal, que varia entre grau 1 (mais leve) e grau 5 (mais grave).
Levando isso em consideração, um ensaio clínico randomizado foi realizado para testar a modificação de dieta em pacientes com doenças renais. Nesse estudo, uma parcela de pacientes com disfunção renal moderada foi orientada a ingerir 1,3 gramas de proteína diariamente (por quilo de peso corporal). Outra parcela alimentou-se de 0,6 g/Kg. Os portadores de disfunção renal severa foram separados de forma semelhante. Um grupo ingeriu 0,6 g/Kg e o outro grupo consumiu 0,3 g/Kg. Após um período médio de 2,2 anos de acompanhamento, os pesquisadores verificaram que não houve diferença da progressão da doença renal a despeito da quantidade de proteína na dieta. Ainda atestaram que o grupo que ingeriu 1,3 g/Kg diariamente apresentou uma leve tendência de perda mais lenta da função renal.
Ou seja, além de não fazer mal, uma dieta com quantidade adequada proteína pode ter efeitos benéficos a quem tem o funcionamento dos rins prejudicado. Outra comprovação disso, conforme o diretor-presidente da ABLC, é um estudo californiano que testou a hipótese de uma dieta restrita em carboidratos (low carb) poder retardar a progressão de doença renal causada pelo diabetes quando comparada à dieta tradicional. Na pesquisa em questão 191 pacientes foram randomizados. O grupo low carb não foi orientado a restringir proteínas, apenas a substituir carnes ricas em ferro (potencial ofensor do rim) por carnes pobres neste mineral, como frangos e peixes. Ao grupo controle foi recomendado uma dieta padrão para quem tem insuficiência renal, com restrição proteica (0,8 g/Kg).
Após tempo médio de acompanhamento de quase quatro anos, enquanto no grupo low carb, a duplicação da creatinina (que indica piora significativa da doença renal) ocorreu em 21% dos pacientes, no grupo com dieta tradicional, 39% viram a concentração dessa substância no sangue dobrar. O grupo low carb levou vantagem também em relação ao desfecho composto da doença renal. No grupo que não restringiu proteínas, 20% dos pacientes evoluíram para doença renal crônica terminal ou morte. Já no grupo controle 39% das pessoas estudadas caminharam para esses resultados.
Souto destaca que a dieta associada a maior mortalidade e maior evolução para insuficiência renal crônica grave contava com 10% de proteínas. Por sua vez, a dieta que apresentou redução absoluta na duplicação da creatinina possuía de 25% a 30% de proteínas em sua composição. “Não se trata de propor uma dieta hiperproteica para pessoas com insuficiência renal. Mas, quando um ensaio clínico randomizado indica que a dieta com menos carboidrato e mais proteína protege o rim de pessoas com insuficiência renal crônica já estabelecida, não há mais como sustentar a afirmação de que pessoas normais estão sobrecarregando seus rins ao seguir uma dieta low carb”, conclui.
A doença renal crônica é uma epidemia mundial. A estimativa é de que 850 milhões de pessoas apresentem essa condição. De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), somente no Brasil mais de 10 milhões de pessoas sofrem com a perda progressiva da função dos rins e 90 mil necessitam da diálise para garantir qualidade de vida. Como diabetes e hipertensão arterial sistêmica são dois dos grandes responsáveis por prejudicar os rins, a dieta low carb pode aparecer como uma alternativa ao combate deste mal em algumas ocasiões bem específicas, já que a estratégia alimentar restringe a ingestão de carboidrato, que em excesso no organismo leva ao desenvolvimento da diabetes tipo 2 e de outras doenças crônicas.
Conforme o médico, diretor-presidente da Associação Brasileira Low Carb (ABLC), José Carlos Souto, tal constatação pode parecer errada, haja visto que a tese difundida não apenas pelo senso comum como por médicos e profissionais da área de nutrição é de que, por privilegiar o consumo de proteína, a dieta low carb não é recomendada para quem sofre de doença renal. Isto porque, segundo Souto, já foi constatado que pacientes com insuficiência renal crônica têm dificuldade em excretar diversas substâncias, entre elas as derivadas do metabolismo de proteínas. Daí, explica o médico, conclui-se que comer muita proteína lesa os ruins, e que o macronutriente não ser consumido em grandes quantidades, tanto por quem tem quanto por quem não tem problemas nos rins.
Dito isso, inicialmente, Souto esclarece que a estratégia alimentar continuamente defendida pela entidade como a melhor para combater a obesidade, esteatose hepática, síndrome metabólica e hipertensão, não é necessariamente hiperproteica. “Estudos comparando diversos tipos de dietas constataram que as proteínas tendem a ser o macronutriente mais constante e que carboidratos e gorduras apresentam maior variação de quantidade”, explica o médico. Conforme o especialista, isto acontece porque as pessoas tendem a consumir uma certa quantia de proteína naturalmente até satisfazerem o apetite. “Além disso, o que caracteriza uma dieta low carb não é o consumo de proteína e sim a restrição de carboidratos”, diz.
Contudo, mesmo que a low carb fosse hiperproteica, desde que respeitados alguns limites, não haveria problemas, segundo o médico. Isto porque diversas pesquisas científicas já mostraram não haver associação entre consumo de proteína e dano renal. Como exemplo, o médico endocrinologista, diretor-científico de Medicina da ABLC, Rodrigo Bomeny, cita um estudo randomizado que comparou os efeitos de uma dieta low carb e um dieta tradicional balanceada de carboidratos não refinados (high carb) sobre a função renal em adultos obesos, com diabetes tipo 2 e sem doença renal.
Depois de um ano de acompanhamento, os pesquisadores constataram que a taxa de filtração glomerular e a albuminúria - indicadores estabelecidos da presença e progressão da doença renal – dos pacientes responderam de forma semelhante a ambas as dietas. Vale salientar que o grupo low carb consumiu mais proteínas do que o grupo high carb.
Se foi comprovado que consumir mais proteína não está relacionado a danos renais, ainda resta a dúvida de que dietas desse tipo não devam ser recomendadas a pessoas que já sofrem de doença debilitante nos rins. Nesse caso, primeiramente é preciso saber a gravidade da disfunção renal, que varia entre grau 1 (mais leve) e grau 5 (mais grave).
Levando isso em consideração, um ensaio clínico randomizado foi realizado para testar a modificação de dieta em pacientes com doenças renais. Nesse estudo, uma parcela de pacientes com disfunção renal moderada foi orientada a ingerir 1,3 gramas de proteína diariamente (por quilo de peso corporal). Outra parcela alimentou-se de 0,6 g/Kg. Os portadores de disfunção renal severa foram separados de forma semelhante. Um grupo ingeriu 0,6 g/Kg e o outro grupo consumiu 0,3 g/Kg. Após um período médio de 2,2 anos de acompanhamento, os pesquisadores verificaram que não houve diferença da progressão da doença renal a despeito da quantidade de proteína na dieta. Ainda atestaram que o grupo que ingeriu 1,3 g/Kg diariamente apresentou uma leve tendência de perda mais lenta da função renal.
Ou seja, além de não fazer mal, uma dieta com quantidade adequada proteína pode ter efeitos benéficos a quem tem o funcionamento dos rins prejudicado. Outra comprovação disso, conforme o diretor-presidente da ABLC, é um estudo californiano que testou a hipótese de uma dieta restrita em carboidratos (low carb) poder retardar a progressão de doença renal causada pelo diabetes quando comparada à dieta tradicional. Na pesquisa em questão 191 pacientes foram randomizados. O grupo low carb não foi orientado a restringir proteínas, apenas a substituir carnes ricas em ferro (potencial ofensor do rim) por carnes pobres neste mineral, como frangos e peixes. Ao grupo controle foi recomendado uma dieta padrão para quem tem insuficiência renal, com restrição proteica (0,8 g/Kg).
Após tempo médio de acompanhamento de quase quatro anos, enquanto no grupo low carb, a duplicação da creatinina (que indica piora significativa da doença renal) ocorreu em 21% dos pacientes, no grupo com dieta tradicional, 39% viram a concentração dessa substância no sangue dobrar. O grupo low carb levou vantagem também em relação ao desfecho composto da doença renal. No grupo que não restringiu proteínas, 20% dos pacientes evoluíram para doença renal crônica terminal ou morte. Já no grupo controle 39% das pessoas estudadas caminharam para esses resultados.
Souto destaca que a dieta associada a maior mortalidade e maior evolução para insuficiência renal crônica grave contava com 10% de proteínas. Por sua vez, a dieta que apresentou redução absoluta na duplicação da creatinina possuía de 25% a 30% de proteínas em sua composição. “Não se trata de propor uma dieta hiperproteica para pessoas com insuficiência renal. Mas, quando um ensaio clínico randomizado indica que a dieta com menos carboidrato e mais proteína protege o rim de pessoas com insuficiência renal crônica já estabelecida, não há mais como sustentar a afirmação de que pessoas normais estão sobrecarregando seus rins ao seguir uma dieta low carb”, conclui.
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