*Por Sérgio de Souza Carvalho Jr.
O último mês de dezembro marcou a chegada às livrarias de uma obra indispensável para os amantes da história de guerra, e também àqueles curiosos e apaixonados pelas grandes máquinas construídas pela humanidade. Brilhantemente escrito pelo militar, pesquisador e mergulhador Nestor Magalhães, o livro U-Boats - mergulhando na História é um registro histórico sobre uma das mais temidas e eficazes máquinas de guerra que o homem já viu em ação: os famosos “Lobos Cinzentos”, como eram conhecidos os submarinos alemães da Segunda Guerra Mundial.
Para produzir esse rico material, Magalhães realmente “mergulhou na história” em todos os sentidos. Além de visitar os mais importantes museus militares do mundo, o autor, que é também um mergulhador de grande técnica e coragem, foi às profundezas dos oceanos para visitar os restos de oito submarinos naufragados em diferentes partes do mundo. As aventuras vividas por ele ao ter contato com essas máquinas, muito bem relatadas no livro, reforçam o grande interesse que há pelos submarinos alemães, passados mais de 64 anos do fim da II Guerra Mundial.
Mas por que essas máquinas exercem até hoje tanto fascínio nos amantes da história? De todas as armas desta guerra, os “U-Boats” (uma abreviatura do termo Unterseeboote ,que significa barco que navega sob a água em alemão), foram a maior preocupação das forças Aliadas durante os quase seis anos de duração do conflito, sendo que o próprio Primeiro Ministro inglês na época, Sir Winston Churchill, declarou que a Inglaterra por pouco não capitulou frente à Alemanha por causa da atuação de seus submarinos.
E neste caso vale um parênteses especial, pois uma grande injustiça histórica deve ser reparada com este livro. Ele apresenta aos leitores uma arma mortal, altamente eficaz sob o comando de um ardiloso inimigo, mas que nem sempre esteve sob o jugo da bandeira nazista. Isso porque a grande maioria dos comandantes dos submarinos e seus tripulantes não faziam parte do partido nazista neste último grande conflito.
Outro aspecto importante, e trazido à tona na obra, é a relevância histórica dos submarinos alemães em relação à participação do Brasil na Segunda Guerra. O livro presta uma homenagem aos vários heróis anônimos brasileiros, que lutaram e morreram no mar e que foram esquecidos pela mídia em geral. Uma informação que poucas pessoas sabem é que morreram mais brasileiros no mar, principalmente nos navios mercantes torpedeados na costa norte-americana ou em águas brasileiras, do que nos céus ou terras da Itália. Poucos também sabem que existem 10 submarinos alemães e 1 submarino italiano, naufragados próximos à costa brasileira, formando um arquivo histórico de valor imensurável, mas ainda pouco explorado graças à falta de apoio para as expedições.
Aliás, a falta de apoio oficial na realização das pesquisas para a obra, dão ainda mais valor ao excelente trabalho realizado por Nestor Magalhães, que investiu seu próprio tempo e dinheiro para viabilizar o livro e assim levar a todos os interessados esses “pedaços da história” forjados com sangue e ferro.
*Sérgio de Souza Carvalho Jr. é presidente do BdU – Brazilians discovering Unterseeboote, grupo de estudos sobre a atuação dos submarinos alemães na Segunda Guerra Mundial
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