Estudo revelou que mulheres submetidas ao procedimento cirúrgico de banda gástrica, indicado no tratamento de obesos mórbidos, apresentam melhora na função urinária e de qualidade de vida. Os homens com problema erétil, porém, apresentam uma piora no quadro pós-cirurgico
Estudo realizado pela Universidade de Austin, na Austrália, avaliou os efeitos da banda gástrica nas funções urinária e sexual dos pacientes. Os pesquisadores revelaram que as mulheres são as mais beneficiadas pelo procedimento, que é indicado no tratamento da obesidade mórbida.
Participaram do estudo 176 pacientes, sendo 142 mulheres e 36 homens. Antes da cirurgia, 65% das mulheres e 24% dos homens apresentavam algum problema de incontinência urinária, enquanto 83% dos homens tinham algum grau de disfunção erétil, problemas comuns em pacientes obesos.
Após a cirurgia, as mulheres relataram melhoras significativas na função urinária e de qualidade de vida. Os homens submetidos ao mesmo procedimento, porém, não desfrutaram dos mesmos benefícios. “O resultado do estudo é positivo, pois, além de auxiliar no emagrecimento e diminuir a mortalidade cardiovascular, apresenta um benefício adicional para os pacientes operados, principalmente as mulheres”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, Dr. Ricardo Cohen.
Os pacientes entrevistados que já sofriam algum grau de disfunção erétil, relataram uma piora do quadro. “Os pesquisadores estavam ansiosos por esse estudo, pois são problemas recorrentes em pacientes obesos. Com relação ao declínio da função erétil, o estudo analisou os resultados de curto prazo. A cirurgia causa uma grande alteração hormonal, então é provável que este quadro melhore ao longo do tempo”, diz Dr. Ricardo.
A incontinência urinária é comum em pacientes obesos, em especial entre as mulheres, pois com o alto índice de massa corporal, há um aumento da pressão intra-abdominal, que comprime a bexiga.
As mulheres que participaram do estudo tinham, em média, 118 kgs antes da cirurgia e os homens 146 kgs. A perda de peso foi similar para ambos os sexos, com média de 23 kgs para as mulheres e um pouco menos de 23kgs para os homens.
A banda gástrica consiste na colocação de uma prótese de silicone em forma de anel na parte superior do estômago, com o objetivo de provocar uma segmentação gástrica e criar um reservatório pequeno de alimento, com cerca de 20 a 30 ml. A ingestão de alimentos sólidos preenche rapidamente o pequeno espaço, garantindo ao paciente uma sensação de saciedade. O grau de estreitamento do estômago pode ser ajustável no pós operatório com a aplicação de soro fisiológico por meio de uma punção no reservatório da banda, que fica localizado embaixo da pele do paciente. Assim, o estreitamento do estômago pode ser ampliado ou reduzido, de acordo com a indicação médica.
A banda gástrica ajustável ou qualquer técnica de cirurgia bariátrica não garante a redução de peso em definitivo. O paciente precisa fazer uma adaptação a sua nova realidade e contar com acompanhamento de profissionais da saúde para se adaptar a sua nova rotina. “No geral, depois de três anos 10% dos pacientes começam a engordar novamente, por não adotar um novo estilo de vida saudável. O paciente necessita de um acompanhamento contínuo porque a mudança na dieta e nos hábitos de vida, necessários após a operação, é o que garante a saúde do paciente e a o sucesso na eliminação de quilos”, ressalta o presidente da SBCBM.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade já atinge mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, pelo menos 3,5 milhões de pessoas estão em estado de obesidade mórbida, ou seja, estão com pelo menos 40 quilos acima do peso corporal ideal.
A diminuição do tamanho do estômago para perda de peso é recomendada quando o índice de massa corporal (IMC) é maior que 40kg/m² em pessoas com idade superior a 18 anos, seja homem ou mulher. O procedimento pode ser recomendado, ainda, se o IMC estiver entre 35kg/m² e 40kg/m² e o paciente em questão tiver diabetes, hipertensão arterial, apnéia do sono, hérnia de disco ou outras doenças associadas à obesidade. “Nos casos que o IMC do paciente fica entre 30 e 35 é preciso uma avaliação prévia e individualizada para ver se realmente a cirurgia bariátrica é recomendável. A cirurgia bariátrica é a última opção para o paciente que já tentou, sem sucesso, reduzir peso por métodos tradicionais”, conclui Dr. Ricardo.
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