Aeronaves despejam cerca de 14 milhões de toneladas de CO2 por ano na cidade; proposta estimula a recuperação de áreas degradadas e arrecada recursos para a criação de um fundo municipal de meio ambiente
O Ministério Público de São Paulo vai instaurar ações civis públicas contra as companhias aéreas que operam no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo. O órgão cobra a compensação ambiental pelo CO2 despejado pelas aeronaves nas operações de pouso e decolagem no local, estimado em cerca de 14 milhões de toneladas por ano. O MP já apresentou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) a algumas das empresas de aviação comercial, mas não houve acordo com nenhuma delas. As negociações prosseguem com outras companhias. A proposta determina que seja feita a recuperação de áreas degradadas na cidade de Guarulhos ou que seja criada uma contribuição financeira para um fundo municipal de meio ambiente.
Aquelas que assinarem o TAC poderão escolher entre as duas opções de compensação. No caso da contribuição, a empresa deverá passar a depositar de US$1 a U$5 (de acordo com a taxa de ocupação da aeronave) por passageiro embarcado no aeroporto. Para as que optarem pela recuperação, há duas opções: reflorestar 50 mil m² nas áreas urbanas de Guarulhos ou comprar e reflorestar áreas degradadas de 200 mil m² em zona rural. Neste caso, serão criadas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), que transformam áreas privadas em unidades de conservação destinadas à preservação da diversidade biológica.
Os recursos depositados no fundo serão destinados ao desenvolvimento de tecnologias limpas, à implantação de florestas públicas, à desocupação das áreas de preservação permanente, à remoção de famílias de baixa renda de áreas de risco, à despoluição de córregos e à recuperação de nascentes.
As empresas que se recusarem a assinar o TAC passarão a responder na justiça pelos danos ambientais causados à cidade. A Ação Civil Pública instaurada pelo MP deve resultar na definição de uma multa proporcional aos danos causados desde o início das operações de cada empresa, que serão estabelecidos por meio de um levantamento técnico – vale lembrar que o aeroporto de Guarulhos foi inaugurado em 1985. O MP também pode entrar com pedido de liminar para que os serviços prestados pelas empresas sejam interrompidos até que elas providenciem a adequação de suas atividades às normas ambientais.
As empresas que não assinaram o TAC até o momento são: American Airlines, Continental, Delta, Avianca, Swissair, South África, Copa, Air Canadá, Gol, TAAG, Mexicana, JAL e Aeromexico
Pioneirismo
Inédita no Brasil e no mundo, a ação foi criada com base em resultados de pesquisas publicadas pela ONU (Organização das Nações Unidas) e pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) sobre emissão de CO2 - o maior responsável pelo efeito estufa. De acordo com a ONU, em 2050, a aviação será a maior fonte de emissão de CO2 do Planeta. Segundo dados da Anac, cada avião lança 34,5 toneladas de CO2 em uma viagem de ida e volta de São Paulo ao Rio de Janeiro.
Dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Secretaria de Meio Ambiente de Guarulhos indicam que as aeronaves chegam a despejar anualmente 14,4 milhões de toneladas de CO² no céu de Guarulhos – nas operações de pouso e decolagem. A captação desse gás carbônico da atmosfera só seria possível com o plantio anual de 2,9 bilhões de árvores. Porém, esta ação é fisicamente inviável, já que exigiria uma área total de plantio aproximadamente 50 vezes maior que a cidade de Guarulhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Aqui você poderá fazer suas denúncias e comentários.
Se você recebeu algum comentário indevido. Utilize-se deste canal para sua defesa.
Não excluiremos os comentários aqui relacionados.
Não serão aceitos comentários com palavras de baixo calão ou denúncias infundadas. Aponte provas caso queira efetuar suas denúncias, caso contrário, seu comentário será removido.