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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Endometriose e perda da produtividade laboral das mulheres

A perda da produtividade no trabalho entre as mulheres com endometriose representa, em média, dez horas por semana, contra sete horas por semana, em comparação a outras mulheres, que participaram do estudo e apresentavam outras doenças


O primeiro estudo mundial sobre o impacto social da endometriose revelou uma significativa perda de produtividade no trabalho entre as mulheres que sofrem com a doença. Os resultados da pesquisa foram apresentados por Kelechi Nnoaham, do Departamento de Saúde Pública da Universidade de Oxford, Reino Unido, durante a 26 ª reunião anual da Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia, realizada em Roma, entre 27 e 30 de junho.

Nnoaham e seu grupo recrutaram 1.459 mulheres, com idades entre 18-45, de dez países, nos cinco continentes, para participarem do Estudo Global de Saúde da Mulher (GSWH). Todas as mulheres fizeram uma laparoscopia, devido aos sintomas sugestivos de endometriose. Além do exame, as participantes preencheram um questionário detalhado sobre os sintomas que sentiam e o impacto que estes provocavam em suas vidas.

Segundo o pesquisador britânico, os ginecologistas já sabem há muito tempo que as mulheres com dores pélvicas crônicas apresentam uma menor qualidade de vida. “Mas o GSWH é o primeiro estudo a avaliar como as mulheres com endometriose são impactadas pela doença. A perda da produtividade no trabalho entre as mulheres com endometriose representa, em média, dez horas por semana, contra sete horas por semana, em comparação a outras mulheres, que participaram do estudo e apresentavam outras doenças. Outras atividades não relacionadas ao trabalho, tais como serviços domésticos, exercícios, estudos, fazer compras e o cuidar de crianças também foram significativamente afetadas pelos sintomas dolorosos da doença”, diz Nnoaham.

Os pesquisadores também observaram um atraso no diagnóstico da doença de pelo menos sete anos, período em que as mulheres relataram pela primeira vez aos seus médicos os sintomas, até que eles confirmassem o diagnóstico da doença. Este período representa uma média de 6,7 consultas antes do encaminhamento para um especialista em endometriose.

Endometriose e fertilidade

Os dados resultantes do GSWH servirão como base para estudos em curso e futuros, bem como para investigações biológicas sobre a origem da endometriose e para marcadores de diagnóstico da doença. “A compreensão do estudo reforça a necessidade de uma maior sensibilização da classe médica em relação a doença, reduzindo o tempo de diagnóstico, melhorando o atendimento a estas mulheres e até mesmo aumentando o financiamento para a investigação de melhores tratamentos para a endometriose”, defende o Prof° Dr. Joji Ueno, ginecologista, diretor da Clínica GERA.

A doença é recorrente entre as mulheres porque além de causar dor durante a relação sexual, alterações intestinais durante a menstruação - como diarréia ou dor para evacuar - também está associada às dificuldades para engravidar após um ano de tentativas sem sucesso. “Como as cólicas menstruais são ocorrências habituais na vida da mulher, é recomendado que a investigação das causas das dores deve ser feita quando estas apresentarem resistência a melhorar com remédios ou quando elas incapacitam a mulher de exercer suas atividades normalmente, pois cólica intensa é o principal sintoma de endometriose e leva à suspeita de que a doença esteja instalada”, explica o ginecologista.

Segundo o médico, a relação entre a endometriose e a infertilidade feminina pode manifestar-se em alguns casos. Pacientes em estágio avançado da doença e obstrução na tuba uterina que impeça o óvulo de chegar ao espermatozóide têm um fator anatômico que justifica a infertilidade. Além disso, algumas questões hormonais e imunológicas podem ser a causa para algumas mulheres com quadros mais leves de endometriose não conseguirem engravidar.

“Com o tratamento e, geralmente, após a realização da laparoscopia, uma boa parcela das pacientes consegue engravidar, principalmente as mulheres em que as tubas não tiverem sofrido obstrução. É por isso que no final da laparoscopia, costuma-se injetar contraste pelo canal do colo uterino para ver se ele sai pelas tubas. A caracterização dessa permeabilidade tubária é um ponto a favor de uma gravidez que depende, entretanto, de outros fatores como a função ovariana ou a não formação de aderências depois da cirurgia”, informa o Prof° Dr. Joji Ueno.

CONTATO:
www.clinicagera.com.br
atendimento@clinicagera.com.br
http://medicinareprodutiva.wordpress.com
http://twitter.com/jojiueno

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