O Projeto Kaeru, uma parceria da Secretaria Municipal de Educação com o Instituto de Solidariedade Educacional e Cultural (ISEC) tem como finalidade oferecer suporte aos brasileiros que retornam ao País após viverem muitos anos no Japão.
As crianças que retornam nessas condições sofrem muitas dificuldades. Muitas vezes os próprios pais desconhecem a condição real dos filhos. Imaginam que por poder conversar normalmente em casa, estão em condições de ingressar na escola. Por isso, a iniciativa oferecerá acompanhamento psicológico aos alunos da rede municipal que voltaram do Japão e apresentam algum tipo de dificuldade no aprendizado. Atualmente, cerca de 250 deles estão matriculados na rede municipal.
Por conta desse projeto, a professora Megume Yuki, representante do Ministério da Educação do Japão, visitou na manhã da última terça-feira, 13, as EMEFs Bartolomeu Lourenço de Gusmão e Lutécia, no bairro do Carrão.
As duas escolas, na Zona Leste, exibem estilos arquitetônicos distintos. Uma foi inaugurada em 1957, seguindo linhas clássicas no desenho de seu prédio. A outra, erguida em 2008, chama atenção pela opção construtiva mais moderna. Em comum, dois pontos importantes: têm ótimas estruturas físicas e oferecem ensino de qualidade na capital paulista, segundo opinião da professora japonesa.
As escolas não foram escolhidas ao acaso. Ambas têm alunos vindos do Japão cursando o Ensino Fundamental, razão pela qual receberão, com outras unidades da região, o Projeto Kaeru.
"Fiquei impressionada com as escolas, com a qualidade do material que os professores usam. Vim para conhecer o projeto e aprendi que o ensino de São Paulo é excelente", afirma a professora.
Entre os fatores que podem influenciar no pleno desenvolvimento dessas crianças e jovens que passam a fazer parte da rede municipal de ensino, estão o pouco conhecimento da língua portuguesa, dificuldade nas relações interpessoais e problemas de adaptação ou readaptação à sociedade e cultura do Brasil.
A aluna da EMEF Bartolomeu Lourenço de Gusmão, Letícia Sayuri, de 14 anos, voltou ao Brasil no segundo semestre de 2008 e explica que, para ela, a adaptação foi e ainda é um pouco difícil. "Na verdade a língua portuguesa não era o meu maior problema, pois já sabia um pouco. O mais complicado foi a mudança de cultura. No Japão as regras são diferentes e bem mais rígidas", revela.
O projeto ganhou o nome de Kaeru por conta do significado da palavra, que em japonês quer dizer, entre outras coisas, voltar e transformar. A psicóloga Gláucia Tiyomi, do Isec, diz que o significado tem muito a ver com o momento em que vivem os alunos envolvidos no projeto. "Alguns estão conhecendo uma cultura totalmente diferente, outros estão voltando ao Brasil depois de um tempo. De qualquer forma, todos passam por uma transformação para se adaptar".
A diretora da EMEF Lutécia, Denise de Souza Hiraoka, acha que o trabalho do Projeto Kaeru será muito positivo para o pleno desempenho dos alunos. "Como será uma atividade complementar ao ensino em sala de aula, dará um apoio para esses estudantes, um reforço psicológico para a inserção deles em nossa cultura".
O Projeto Kaeru iniciou suas atividades nas escolas no segundo semestre do ano passado, quando profissionais da rede municipal e do Isec fizeram contato com os pais e responsáveis pelos alunos vindos do Japão. O atendimento direto aos estudantes foi iniciado este mês, nas EMEFs da Zona Leste, e será expandido aos pouco para todas as unidades que recebem essas crianças.
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