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domingo, 11 de abril de 2010

O Desafio de Aprender com o Não

Por Mariliz Vargas

Conseguir dizer não para o que está nos incomodando, para o filho que precisa de limite, para o colega que pede o que está alem do nosso alcance, é difícil e exige força. Para receber o não que a vida nos dá, na forma de uma rejeição, de uma recusa no trabalho, da frustração de um sonho, exige mais força ainda. Força para resistir e não sucumbir e transformar este não em revolta e justificativa para nossa amargura. Força para transformar este não em combustível de aprimoramento, possibilitando que, além da conquista do que desejamos, o desenvolvimento interior seja atingido.

Esta é a função dos nãos que recebemos no decorrer da vida. Pois eles têm o poder da lapidação, que vai eliminando os excessos e os vícios com o objetivo de revelar o melhor da nossa natureza para este mundo. Mas para isto é preciso que se tenha consciência deste processo, pois caso contrário, corre-se o risco de se deixar abater ou mesmo dominar pela revolta diante dos nãos que recebemos. Precisamos de força e consciência para não transformarmos o não em trauma. Como, por exemplo, no caso do rapaz que recebe um não da namorada e decide nunca mais se relacionar. Por isso é importante uma educação para o não, que seria o correspondente a uma educação para o fortalecimento interior. Esta pedagogia do não está embasada na confiança plena no potencial humano, pois somente com esta base poderemos ter a tranquilidade necessária para exigir destes seres, sempre mais do que eles têm manifestado até agora.

É importante ressaltar também que existe um caminho natural de reações humanas cada vez que a vida nos apresenta uma negativa. Cada etapa varia de intensidade dependendo da força deste não que recebemos. Primeiramente é natural que haja revolta, é a reação emocional a frustração. Pode desencadear tristeza, raiva, sentimento de rejeição ou de estar sendo injustiçado. Num segundo momento tentaremos forçar uma mudança deste não para sim buscando, através dos meios que dispomos, que a realidade acate os nossos desejos.

Este processo é importante, pois aqui nosso potencial humano já é exigido, visto que é preciso se mobilizar e angariar recursos internos para tentar reverter a situação. Quando esgota seus recursos, sentindo-se exausto diante do limite que a vida lhe impôs, outro importante aspecto humano é solicitado. A aceitação, que é um sentimento análogo à fé. A aceitação promove a humildade perante a vida, que é diferente do conformismo, pois não advém da preguiça e sim da redenção. Mas o último momento neste processo pode levar algum tempo para acontecer. Seria este o entendimento, a compreensão do por que o não precisou ocorrer neste determinado ponto da trajetória de vida.

Esta é a hora onde o verdadeiro amadurecimento ocorre, e junto a ele o fortalecimento de toda estrutura emocional que se torna mais equipada para enfrentar a realidade. Terá no final do processo a sua autoconfiança reforçada, e a sua capacidade de entrega, de resistência e de luta, sofrerão um significativo acréscimo de energia.

Sobre a autora:

Mariliz Vargas é psicóloga, formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Trabalha com Psicoterapia há mais de 20 anos. Ministra cursos e palestras sobre temas relacionados ao aprimoramento humano na busca por uma vida mais rica e feliz. Autora de inúmeros artigos publicados no jornal paranaense Gazeta do Povo, suplemento Viver Bem, e atualmente veiculados através da internet. Recentemente, Mariliz lançou o livro 'A Sabedoria do Não', pela editora Rósea Nigrea. A obra apresenta um panorama do poder construtivo do ´não´ e seu papel na conquista da felicidade.

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