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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Síndrome dos Ovários Policísticos

Sintonia entre ginecologista e endocrinologista facilita diagnóstico e tratamento

Para muitas pacientes, não é nada esclarecedor quando elas são informadas que tem a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). A começar pelo nome, pois a Síndrome dos Ovários Policísticos pode ocorrer sem que o exame de ultra-sonografia revele cistos nos ovários. Além disso, 20% das mulheres normais podem apresentar ovários policísticos, sem nenhuma manifestação clínica ou alteração hormonal, não sendo classificadas como portadoras da Síndrome dos Ovários Policísticos. O diagnóstico da SOP é feito quando pelo menos 2, dos 3 critérios abaixo forem positivos em uma adolescente ou mulher adulta:

(1) infertilidade devido a falta de ovulação;
(2) evidências clínicas (acne, excesso de pelos corporais, seborréia, queda de cabelos) e/ou laboratoriais de excesso de hormônios masculinos;
(3) múltiplos pequenos cistos ovarianos vistos através da ultra-sonografia pélvica.

Sinais de alerta

Alterações menstruais constantes constituem-se num sinal de alerta para as mulheres, pois podem indicar a presença da Síndrome dos Ovários Policísticos ou de endometriose. “A mulher que apresenta a Síndrome dos Ovários Policísticos menstrua a cada dois ou três meses e, freqüentemente, tem apenas dois ou três episódios de menstruação por ano. Outros sintomas da doença são o hirsutismo (aumento de pelos no rosto, nos seios e na região do abdômen); a acne; a obesidade e uma dificuldade para engravidar”, explica o ginecologista Aléssio Calil Mathias, diretor da Clínica Genesis.

A Síndrome dos Ovários Policísticos surge, normalmente, na puberdade e vai até a menopausa. Geralmente, tudo começa por volta dos 10 ou 12 anos, quando os ovários da menina, até então inativos, passam a produzir hormônios em grande quantidade, desencadeando a puberdade e com ela a menarca, nome dado a primeira menstruação. "Nessa época, já se nota uma maior tendência ao ganho de peso. No rosto, os efeitos dos hormônios sob a forma de acne e seborréia, características que dão à pele da adolescente aquela aparência oleosa, se fazem notar. Tudo isso pode ser normal e desaparecer lentamente, assim que a turbulência hormonal dá lugar às secreções hormonais cíclicas e regulares da mulher adulta", explica Silvia Mizue, endocrinologista da Clínica Genesis.

Mas em alguns casos, estes sintomas não desaparecem... Por isso, é comum a mulher com ovários policísticos procurar vários especialistas, ao longo da vida, em busca de tratamento apropriado. Nos consultórios dos endocrinologistas e ginecologistas, elas se queixam de grande dificuldade de perder peso e das alterações clínicas secundárias ao excesso de hormônios masculinos que seus ovários fabricam.

Distúrbios hormonais

É importante dizer que todas as mulheres produzem fisiologicamente hormônios masculinos. Na mulher, uma importante função dos andrógenos é aumentar a libido. Mas, o principal problema que a Síndrome dos Ovários Policísticos provoca está relacionado com a ovulação. “A testosterona interfere nesse mecanismo e, ao mesmo tempo, aumenta a possibilidade da incidência de cistos. Os cistos representam a parada do desenvolvimento dos folículos para ovular. Nesta situação, a mulher não ovula porque lhe faltam condições endócrinas para tanto”, explica Silvia Mizue.

As queixas ginecológicas mais importantes das mulheres com SOP são a irregularidade menstrual e a infertilidade. "Além disso, várias complicações podem ocorrer com essas mulheres, quando elas conseguem engravidar, como maior índice de abortamentos, diabetes gestacional, hipertensão arterial na gestação e pré-eclâmpsia. Para todas estas complicações, o tratamento adequado reduz a incidência dessas complicações e quase as igualam às mulheres normais”, diz o ginecologista Aléssio Calil Mathias.

Possibilidades terapêuticas

O tratamento da Síndrome dos Ovários Policísticos depende essencialmente da fase de vida da mulher. O que é mais importante em determinado momento e qual o sintoma que mais incomoda esta mulher são perguntas que os especialistas que assistem esta paciente devem se fazer. Como se trata de uma doença crônica, não há cura da síndrome, e sim, tratamento dos sintomas. “Uma adolescente de 15/16 anos, obesa, com pelos, acne e perturbações menstruais, precisa tentar emagrecer. Às vezes, perder peso já pode ser suficiente para reverter o quadro, porque a obesidade gera resistência à insulina e essa resistência produz o aumento de andrógenos, os hormônios masculinos”, explica a endocrinologista da Clínica Genesis.

“Se ela não for obesa, torna-se necessário diminuir a produção dos hormônios masculinos e uma das maneiras mais simples de fazê-lo é por meio da pílula. O anticoncepcional atua também na unidade pilossebácea, reduzindo o crescimento dos pelos e a produção de sebo. Dessa forma, melhoram os quadros de hirsutismo, acne e as alterações menstruais, uma vez que a pílula regulariza os ciclos”, explica o ginecologista Aléssio Calil Mathias.

Infertilidade e SOP

Até os 23 anos de idade, mais ou menos, mulheres com a Síndrome podem ovular esporadicamente. Sabe-se que nem todas as menstruações que ocorrem espaçadamente são ovulatórias, mas algumas são, e a mulher consegue engravidar. “É muito comum a referência de que antes dos 23 anos, elas tiveram um ou dois filhos. Depois, não conseguiram mais engravidar. Essa é uma das patologias mais simples de serem tratadas porque as mulheres, em geral, respondem ao indutor da ovulação. Ele é administrado por via oral, cinco dias por ciclo, a partir do primeiro dia, e é capaz de corrigir as anomalias endócrinas e provocar ovulação. Grande parte das mulheres responde bem ao tratamento e engravida”, diz Mathias. Para as que não conseguem engravidar com o indutor de ovulação, resta, ainda, o estímulo dos ovários com gonadotrofinas, o que se faz normalmente na fertilização in vitro.

Obesidade x SOP

Apesar da obesidade não entrar nos critérios diagnósticos da SOP, ela é muito frequente. A grande maioria das pacientes tem sobrepeso, obesidade ou uma grande dificuldade de manter o peso ideal. "Além disso, a SOP se associa a um tipo especial de obesidade, aquela que se acumula no tronco, principalmente no abdômen. É a obesidade visceral, que traduz o excesso de insulina que acompanha essas pacientes e, muitas vezes, dificulta a perda de peso", destaca Silvia Mizue, endocrinologista da Clínica Genesis.

O excesso de insulina no sangue é a marca de uma obesidade mais resistente à perda de peso. A insulina é um hormônio anabolizante e favorece o estoque de calorias, em detrimento da queima. "Logo, todas as formas de se reduzir o excesso de insulina são válidas, mas a mais importante é a melhora da sensibilidade à ação do hormônio. Assim que possibilitamos uma maior eficácia do hormônio, ele passa a ser produzido em menor quantidade e seus níveis sangüíneos caem. Isso pode ser conseguido com atividade física, dieta adequada, perda de peso e alguns medicamentos", defende Silvia Mizue.

CONTATO:
http://www.clinicagenesis.com.br/
http://twitter.com/dralessio
http://gestacaosaudavel.wordpress.com/

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