Carolina, Alexandre , Hélio - Foto: Laura Carone Cardi
A série Sábado Resistente - promovido pelo Núcleo de Preservação da Memória Política (do Fórum dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos de São Paulo) – apresenta no dia 20 de fevereiro, sábado, cenas do espetáculo Filha da Anistia, no Memorial da Resistência de São Paulo, às 11 horas. Na sequência acontece um debate com o elenco da peça, integrantes do Núcleo de Preservação da Memória Política e da Comissão da Anistia (do Ministério da Justiça). O evento é aberto ao público e tem entrada franca.
Filha da Anistia é um espetáculo com texto de Carolina Rodrigues e direção de Helio Cicero, que estreia em 25 de março no Instituto Capobianco. O elenco tem Alexandre Piccini ao lado da autora e do diretor para contar uma história emocionante e surpreendente. Após a morte da avó, Clara parte em busca do pai que nunca conhecera. Esse encontro revelará um passado de mentiras e omissões, forjado durante os anos de chumbo no Brasil. Esta obra teatral foi contemplada com ProAC (Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura) para montagem inédita em 2009.
O Sábado Resistente é um espaço de discussão entre companheiros combatentes de ontem e de hoje, pesquisadores, estudantes e interessados para o debate sobre temas ligados às lutas contra a repressão, em especial à resistência ao regime militar, implantado com o golpe de Estado de 1964. Seu propósito é estimular a discussão e o aprofundamento dos conceitos de liberdade, igualdade e democracia, fundamentais ao ser humano em busca de sua libertação.
Homenagem a Antonio Raymundo de Lucena
Após a apresentação e debate, será rendida homenagem à família de Antonio Raymundo de Lucena, militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) que foi assassinado no dia 20 de fevereiro de 1970, há exatamente 40 anos, por elementos da Força Pública do Estado. A família de Antônio Raymundo de Lucena (também conhecido como “Doutor”) foi presa por integrantes da Polícia do Exército e submetida as mais variadas torturas.
Ariston Lucena, o filho mais velho, foi preso aos 18 anos, após cerco empreendido aos militantes da VPR na área do Vale do Ribeira, e passou quase 10 anos preso, uma vez que foi condenado à pena de morte após a mudança da Lei de Segurança Nacional, em 1969. A companheira de Doutor, Damaris Lucena, depois de presenciar ao assassinato do marido na frente dos filhos, amargar a tortura e a separação das crianças quando foi para a prisão, foi libertada após ser trocada com os filhos Ângela Telma, de 3 anos, e Denise e Adílson, os gêmeos de 9 anos, no sequestro do cônsul japonês, Nobuo Okuchi. Exilou-se no México e, posteriormente, em Cuba, onde reconstruiu a vida.
A família retornou ao Brasil após a Anistia e, desde então, busca incessantemente pelos restos mortais de Antônio Raymundo de Lucena que, embora figure na lista oficial de “mortos”, permanece desaparecido, tendo sido enterrado, provavelmente, numa vala clandestina do Cemitério de Vila Formosa.
Sábado Resistente
Apresentação de cenas do espetáculo Filha da Anistia e debate.
Data: 20 de Fevereiro de 2010 – das 11h às 14 horas
Local: Memorial da Resistência de São Paulo - Auditório Vitae
Endereço: Largo General Osório, 66 – 5º Andar – São Paulo/SP
Entrada franca – Informações: Tel: (11) 3335-4990 - Classificação etária: 14 anos
Capacidade: 160 lugares - Duração/encenação: 30 minutos
Realização: Núcleo de Preservação da Memória Política, Fórum Permanente dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos de São Paulo, Memorial da Resistência de SP e Caros Amigos Cia de Teatro da Cooperativa Paulista de Teatro.
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