“Sala de espera no consultório. Sala de espera? Não: sala de recordações. Porque as revistas são tão velhas que a gente, sincronizando (perdão) com as datas delas, transporta-se ao que foi naquele tempo...”
Mário Quintana
As normas para os edifícios de saúde são rigorosas. A principal delas e mais abrangente é a RDC-50, da ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, regulamento técnico que, desde 2002, normatiza o planejamento dos edifícios de saúde em âmbito nacional, complementado por normais específicas e estaduais. Essa legislação desempenha papel importante no desenvolvimento de projetos de empreendimentos de saúdes.
Portanto, quando a edificação é de saúde, além de seguir as normas, o arquiteto deve usar bom senso ao projetar. “Nos setores de uso social, como a recepção e a sala de espera é possível trabalhar com mais liberdade. Além da escolha dos materiais de acabamento, pode-se explorar os recursos do design, principalmente no detalhamento dos mobiliários, de luminotecnia e de luz natural para dar mais riqueza e humanizar os espaços, evitando composições monótonas ou excessivas”, destaca a arquiteta Ana Carolina M. Tabach, diretora de projetos da C+A Arquitetura e Interiores.
Nos edifícios de atenção à saúde, onde é freqüente a ocorrência de situações críticas e estressantes, envolvendo relações interpessoais e indivíduos com algum grau de sofrimento físico e/ou psíquico, os fatores ambientais que definem as condições de conforto assumem responsabilidade significativa durante o desenvolvimento do projeto arquitetônico, pois estão diretamente relacionados com a recuperação do paciente. “Enquanto espera pelo atendimento, é muito importante que o paciente esteja acomodado num local confortável, para evitar que o seu mal estar e a sua ansiedade aumentem”, defende Ana Carolina.
A sala de espera de um consultório deve ser projetada de forma a oferecer “algo a mais” para seus usuários, neste caso, o foco é oferecer conforto ao paciente e aos acompanhantes. “Ao invés da TV em um volume alto e incômodo e com uma programação que nem sempre agrada a todos, é importante ter luz natural, vista para o skyline da cidade, ou, se possível para um jardim externo. Também podemos criar um suporte adequado e diferenciado para oferecer folhetos explicativos e matérias com informações sobre programas de saúde preventiva, de preferência na especialidade do profissional de saúde. Estes detalhes do projeto fazem toda a diferença”, diz a arquiteta Ana Carolina Tabach.
Uma alternativa para quem optar pela colocação da TV na sala de espera do consultório é fazer um vídeo educativo de curta duração com cirurgias e/ou exames preventivos. Para boa leitura na sala de espera, os fôlderes podem informar, por exemplo, a utilização das novas tecnologias, além de trazer diferentes informações sobre doenças – causas, sintomas, diagnóstico e, principalmente, tratamento.
Para amenizar a espera
Além de uma iluminação adequada, o projeto de luminotécnica nos ambientes de saúde deve contemplar também o estudo do impacto dos efeitos biológicos e psicológicos da luz sobre os usuários do prédio. “Devemos considerar ainda as características específicas das atividades e procedimentos, dos equipamentos e tecnologias utilizados no consultório e as suas demandas de luminosidade”, explica a arquiteta Ana Paula Naffah Perez, diretora de projetos da C+A Arquitetura e Interiores.
O clima tropical do Brasil proporciona condições para um maior aproveitamento da luz natural no interior das edificações. “A iluminação natural traz diversos benefícios para a saúde, além de proporcionar a sensação psicológica de tempo, tanto cronológico quanto climático. A luz artificial, necessária à noite e nos dias nublados, deve ser vista sempre como uma complementação e nunca como uma substituição da luz natural”, destaca Perez.
Um pouco de cor
As pesquisas e estudos sobre o uso das cores nos ambientes de saúde têm reforçado o quanto estes elementos podem contribuir para o conforto e recuperação dos pacientes. “A cor pode ser entendida como uma poderosa linguagem que afeta não apenas as sensações psicológicas, mas também desperta os sentidos e a percepção do espaço, influenciando o estado de espírito das pessoas. A utilização de referências cromáticas na ambientação dos espaços de saúde é uma prática incontestável”, informa Ana Paula.
As diferentes sensações provocadas pelas cores podem ser utilizadas para valorizar ou mesmo incrementar um ambiente. “As cores mais suaves e neutras podem trazer sensações de tranqüilidade e conforto. Por outro lado, cores mais intensas e quentes podem dar mais vida e energia ao ambiente. Também é possível utilizar cores combinadas, criando ‘brincadeiras’ com listras, arabescos ou formas geométricas, tornando os espaços mais alegres e divertidos”, explica Perez.
Como vivemos numa era de hiperconectividade, a sala de espera pode oferecer computadores com acesso à internet, com o site da clínica como página inicial, ou mesmo uma rede wireless. “A tendência é que as salas de espera de consultórios e clínicas tenham espaços exclusivos para os pacientes e acompanhantes acessarem a Internet. Por isso, procuramos criar um local adequado para acesso à rede em nossos projetos, optando por mobiliários especialmente destinados a esse fim, adequados aos espaços reduzidos, mas ergonômicos”, informa a arquiteta.
Servir ou não servir um cafezinho?
A rigor, nenhuma clínica ou consultório é obrigado a servir bebidas ou comidas para os pacientes. Entretanto, a partir do momento em que esta opção é feita, tudo o que for servido deve refletir a preocupação e o cuidado do profissional de saúde – em alguns casos da instituição – com os seus pacientes. Consultórios e clínicas que atendem pacientes diabéticos, gestantes e idosos devem contar com um estoque de alimentos apropriados, que possam ser oferecidos, apesar da dieta restrita destes pacientes.
A escolha da água, do café, do chá, do suco ou de um lanche rápido deve ser feita levando em conta a qualidade destes produtos e o público alvo. O cuidado, aqui, se estende às louças, copos, bandejas, tudo deve ser escolhido para reforçar o lado positivo desta prestação de serviços. “Para acomodar de maneira convidativa água e café, procuramos sempre projetar uma bancada ou um carrinho que comporte uma bandeja e os demais acessórios necessários, sempre com fácil acesso aos pacientes e acompanhantes”, diz a arquiteta Ana Paula Naffah Perez.
Sobre a C+A Arquitetura
A C+A Arquitetura e Interiores está em São Paulo, capital. Desenvolve projetos de arquitetura criativos e inovadores, com foco nas áreas residencial, comercial, saúde e interiores. Há dez anos, tem como valores fundamentais que norteiam sua atuação o profissionalismo e o comprometimento com a entrega de projetos com alto nível de qualidade técnica. As arquitetas Ana Paula Naffah Perez e Ana Carolina M. Tabach estão à frente da equipe que congrega, hoje, mais de 10 profissionais. Conheça um pouco mais do trabalho destas profissionais, acessando:
http://www.caarquitetura.com.br/
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