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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Copa do Mundo: saúde ocular do jogador do futebol deve estar em dia

Uma boa visão contribui para aumentar o reflexo, melhorar a qualidade do passe, o domínio, a condução de bola e a finalização dos jogadores de futebol


João Saldanha foi técnico da seleção brasileira até alguns meses antes da Copa de 1970, quando foi substituído por Zagallo. Dentre os seus feitos que culminaram com a sua demissão está o fato de que ele não iria convocar Pelé porque, segundo ele, o jogador teria um problema sério de visão. Detalhe: até aquele momento, Pelé nunca havia feito um exame oftalmológico. O técnico acreditava que, quando um jogador ficava muito tempo em um determinado segmento do campo, era porque ele não enxergava direito... Esta é uma das muitas histórias que fazem parte do repertório brasileiro de participação em Copas do Mundo. Neste ano, sob o comando de Dunga, o Brasil estréia na Copa do Mundo no dia 15 de junho, em Joanesburgo, contra a Coréia do Norte, no estádio Ellis Park. No dia 20 de junho, o Brasil encara a Costa do Marfim, novamente em Joanesburgo, mas no estádio Soccer City. E encerra sua participação na primeira fase no dia 25 de junho, contra Portugal, em Durban.

Saúde ocular do jogador de futebol

Mas afinal, quais são os pré-requisitos necessários para que o jogador enxergue bem tudo o que se passa no campo, durante os 90 minutos de jogo? “Para ter uma rápida reação em condições dinâmicas, os jogadores precisam de percepção periférica, acuidade visual dinâmica e uma boa coordenação tronco-pé”, afirma o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor-clínico do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.

Para ser competitivo nos campos de futebol, o jogador precisa garantir o melhor desempenho possível de todo o seu corpo, inclusive dos olhos. Segundo Centurion, são competências visuais fundamentais: a sensibilidade ao contraste, que permite que o jogador veja detalhes finos em situações de variação de luz e de contraste, como os contornos do campo de futebol; a acuidade visual dinâmica, que faz com que a visão do jogador permaneça tão nítida quando ele corre, como quando está parado, possibilitando que ele enxergue todos os obstáculos em seu caminho. E por fim, a flexibilidade focal, que mantém nítido o foco na bola, à medida em que ela se move para longe ou em direção ao jogador. “Pela complexidade da profissão e pela responsabilidade que carregam, o exame oftamológico preventivo e corretivo deve ser uma prática rotineira para os jogadores de futebol”, defende o oftalmologista Eduardo De Lucca, que também integra o corpo clínico do IMO.

Segundo o médico, um dos fatores importantes para o bom desempenho do jogador de futebol é que ele eduque sua visão. “No futebol, o chute é feito com ‘os olhos’, que envia a mensagem ao cérebro, que comanda os músculos e determina o que o corpo deve fazer e quando fazer“, afirma Eduardo de Lucca.
“O reflexo se apresentará mais rápido e a jogada poderá ser mais criativa, quanto mais o jogador de futebol se atentar para a importância da visão periférica”, explica o médico, que também recomenda que os atletas pratiquem outros esportes que exijam rapidez no processamento visual, como tênis de mesa, squash e a prática de embaixadinhas.
Cuidados com os olhos
As lesões oculares decorrentes da prática de esporte são mais comuns do que imaginamos. Nos Estados Unidos ocorrem, em média, 100 mil casos de acidentes por ano. Por lá, o golfe e o baseball são os esportes mais praticados, juntos, representam 14% de todos os atendimentos de perfurações oculares. No Brasil, não há estatísticas oficiais. Entretanto, é bom reforçar que a responsabilidade de segurança na prática esportiva cabe ao atleta, ao treinador, ao oftalmologista – nos casos de trauma ocular – e ao médico do esporte.
“A bola de futebol pode causar lesões na órbita, nas pálpebras ou no globo ocular. O contato físico entre os jogadores também causa lesões”, afirma De Lucca. Temos exemplos de jogadores que apresentaram contusões oculares sérias, como Tostão, que teve descolamento de retina, e Viola, com fratura de órbita.
Condições como alto grau de miopia, trauma ocular prévio, infecção e antecedente de cirurgia ocular aumentam o risco de dano causado por trauma. Jogadores que se submeteram a cirurgias do tipo transplante penetrante de córnea, filtrante para glaucoma, catarata e ceratotomia radial devem ser cautelosos ao voltar ao trabalho. Todo atleta que apresente qualquer uma das condições deve receber informações a respeito dos riscos da volta aos campos. É preciso orientar este profissional sobre a prática segura do futebol.
“Uma boa saída é voltar a jogar usando óculos apropriados para a prática de esportes. As lentes e armações para os óculos esportivos devem apresentar alta resistência ao impacto, além de proteção contra raios ultravioleta A, o UVA, e ultravioleta B, o UVB. Essas lentes precisam ter espessura mínima de 3 milímetros e central de 1 milímetro, para fornecer proteção adequada. A qualidade óptica também é importante, em especial nos esportes que exigem precisão, como o futebol”, explica o oftalmologista Eduardo De Lucca.

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