Além de prevenir a gravidez, contraceptivos podem diminuir o risco de câncer, segundo especialista
Características individuais e idade devem ser levadas em consideração na hora de escolher um contraceptivo, de acordo com dra. Lenira
Enquanto o uso do anticoncepcional torna-se cada vez mais uma realidade no país, outra dúvida surge para as mulheres: quando a opção pelo medicamento é feita, qual tipo de hormônio optar? Muitas crenças e ditames do senso-comum são utilizados pela maioria para escolher o medicamento ideal. No entanto, características pessoais e patologias devem ser levadas em consideração antes de começar a utilizar um hormônio.
E as opções atualmente são muitas. Pílulas de estrogênio ou progesterona, injeção mensal ou trimestral, adesivo, anel para uso intra-vaginal, Dispositivo Intra-Uterino (DIU). Para quase todos os gostos (e bolsos).
Além disso, não adianta perguntar para a vizinha qual é o medicamento que ela utiliza. Como explica a médica oncoginecologista Lenira Maria de Queiroz Mauad, profissional do Hospital Amaral Carvalho de Jaú, os contraceptivos devem ser analisados de forma individual, já que enquanto uns podem trazer benefício para algumas mulheres, também podem ser prejudiciais a outras.
Mulheres com ciclos irregulares, acne, fluxo menstrual abundante e que necessitam de método seguro e acessível são as melhores candidatas para o uso de contraceptivos hormonais. Por outro lado, fumantes, pessoas que tiveram ou têm tumores sensíveis a hormônios, predisposição a varizes, trombose ou pressão alta podem ter mais prejuízos que vantagens com esse tipo de medicamento.
A principal indicação de métodos contraceptivos, para dra. Lenira, é evitar gravidez indesejada. "O advento da pílula permitiu aos casais programarem número e época para melhor receberem seus filhos. Isto gerou uma grande autonomia, principalmente para as mulheres. Com o tempo o método foi sendo aprimorado, com novas doses, apresentações e também outras indicações como tratamento de cistos ovarianos, endometriose, suspensão da menstruação para controle de anemias, evitar cólicas ou menstruações dolorosas e programar menstruações".
Além dessas recomendações, um estudo aponta mais um benefício dos anticoncepcionais hormonais: a diminuição de alguns tipos de câncer. Especialistas da Universidade de Abrdeen, no Reino Unido, avaliaram por 36 anos 46 mil mulheres. Eles detectaram que o risco de câncer ginecológico era 29% melhor nas usuárias do remédio.
A médica Lenira é favorável ao resultado. Ela explica que o uso de Anticoncepcionais Hormonais (ACH) está relacionado a diminuição do risco do câncer do endométrio (tecido interno do útero) e do câncer do ovário. A ação protetora estaria relacionada com a dinâmica de cada órgão citado. No endométrio, por exemplo, o ACH impede a variação hormonal diária decorrente do funcionamento nem sempre regular do ovário e estimula menos a proliferação do endométrio; esta a proteção é particularmente maior em mulheres com ciclos irregulares. Quanto ao câncer de ovário, o ACH bloqueia a ovulação, que parece ser um fator de agressão para esse órgão. "Durante o uso da maioria dos ACH, é como se o ovário estivesse de férias", esclarece a médica.
Doutora Lenira ainda afirma que é possível diminuir a incidência do câncer de colo de útero usando preservativo masculino ou feminino, já que o HPV, vírus que causa a doença, é transmitido por fluídos durante a relação sexual.
Hora de começar e parar
A médica do Amaral Carvalho explica que o uso ideal de métodos contraceptivos deve ocorrer após a normalização dos ciclos menstruais. Quando isso não acontece, o anticoncepcional pode ser usado justamente para resolver o problema.
Se a única indicação para o uso é evitar a gravidez, Lenira diz que não é necessário manter o uso caso a pessoa não tenha relações sexuais. Ela recomenda que as mulheres fumantes não usem método hormonal após os 35 anos. Já para mulheres saudáveis e não fumantes, não há limite fixado pelos estudos atuais, mas a formulação e as doses são adaptadas a cada pessoa e idade. Portanto, o acompanhamento médico é indispensável em todos os casos.
Muito além da pílula
Conheça as várias opções existentes de anticoncepcional hormonal
COMBINADOS
(com hormônios estrogênio e progesterona)
Pílula combinada
Ingere-se um comprimido por dia, sempre no mesmo horário, por 21 dias seguidos. Na pausa de uma semana, ocorre a menstruação. "A pílula combinada oral é a mais usada. É mais barata e possui uma variedade maior de doses e composições que permitem um maior flexibilidade no uso e na prescrição", diz dra. Lenira.
Injetável mensal
Indicado para quem tem intolerância gástrica à pílula ou distúrbios intestinais. Também tem a vantagem de eliminar a necessidade de se lembrar de tomar um comprimido todos os dias. As pacientes recebem uma dose do medicamento na farmácia, uma vez por mês. De acordo com dra. Lenira, as injeções mensais geralmente são usadas por mulheres que se esquecem de tomar a dose diária, que têm náuseas, apresentam sangramento durante o uso das pílulas orais ou que fazem uso de outra medicação que possa diminuir a absorção via oral. "Muitas vezes é apenas por praticidade".
Adesivo ou anticoncepcional transdérmico
É colocado na pele (geralmente na região da pelve - da cintura para baixo), que passa a absorver os hormônios presentes nele. Como cada adesivo dura uma semana, são feitas três trocas seguidas pela própria paciente. Na quarta semana, há uma pausa para a menstruação. Para retirá-lo, basta puxar, mas ele não sai facilmente nem com a água quente do banho. Também é usado por mulheres que têm intolerância gástrica com a pílula. O adesivo tem as mesmas indicações e vantagens do anel vaginal. No entanto, dra. Lenira alerta que ele não deve ser usado por mulheres com predisposição pessoal ou familiar de trombose ou doenças coronarianas como infarto e angina. Pode causar reação alérgica na pele e manchas com o sol.
Anel vaginal
Também é indicado para quem tem algum problema na absorção do medicamento via oral. Apesar de ser colocado no fundo da vagina, não é um método de barreira: a argola flexível é mantida no local por três semanas, tempo em que permanece liberando hormônios. Ao final da terceira semana, é retirado para que a mulher menstrue. O anel é colocado e retirado pela própria paciente. O anel vaginal, para a médica Lenira é prático, dura 21 dias e é bem tolerado principalmente por mulheres que tem enjoo ou dor de cabeça com a apresentação oral.
SÓ DE PROGESTERONA
Pílula de progesterona
É indicada para as mulheres que têm intolerância ao estrogênio. Apesar de o uso de hormônios por fumantes - principalmente por aquelas com mais de 35 anos - não ser recomendado, alguns médicos receitam essa pílula para essas pacientes. Isso porque o estrogênio, presente na pílula combinada; pode potencializar os riscos de doenças cardiovasculares, colaborando para a formação de coágulos ou para o entupimento de veias e artérias. "A pílula de progesterona pode ser usada em qualquer período, leva a suspensão do fluxo menstrual e das cólicas menstruais, mas pode levar a retenção de líquido e sangramento de escape principalmente nos primeiros meses de uso".
Injetável trimestral
A mulher vai à farmácia a cada três meses para tomar uma injeção, que libera o hormônio no organismo. Também recomendado para quem costuma se esquecer de tomar a pílula, tem menos contra-indicações para quem tem problemas cardiovasculares do que o injetável mensal, já que não contém estrogênio. Tem duas desvantagens: pode levar a ganhos de peso e dificultar a gravidez nos meses seguintes à suspensão do tratamento.
Implante subdérmico
Com duração de três anos, é inserido sob a pele com uma seringa, entre a derme e a epiderme, geralmente na parte superior interna do braço. A ação do medicamento, que libera gradualmente progesterona, é de três anos. Quando acaba a validade ou caso a paciente queira engravidar, é preciso ir ao médico para retirar o implante. É usado principalmente em mulheres que amamentam e em pacientes com endometriose. "O implante subdérmico, por levar a supressão do fluxo, também tem indicação em mulheres que tem cólicas, anemia ou que não querem menstruar. Tem um custo inicial mais elevado e apesar de ser aplicado no consultório, a retirada após três anos, exige um pequeno procedimento com anestesia local e todos os cuidados inerentes a ele, pode levar a ganho de peso e acne, principalmente em mulheres mais jovens", informa dra. Lenira.
DIU (Dispositivo intra-uterino) hormonal
É muito usado por quem não planeja engravidar em um prazo de cinco anos (tempo aproximado de eficácia). Para colocá-lo, é preciso ir ao médico e estar menstruada. O DIU com hormônio pode melhorar cólicas consideravelmente e costuma ser indicado para mulheres que têm endometriose ou muito sangramento na menstruação. Após o primeiro ano de uso e enquanto o medicamento estiver no organismo, é comum parar de menstruar.
A médica Lenira explica que além do DIU com progesterona, existe o dispositivo de cobre (não hormonal). "Este tem duração de três anos e meio a 10 anos, dependendo do fabricante. Ele deve ser evitado por mulheres com cólicas ou fluxo abundante uma vez que pode agravar estes sintomas, diferente do DIU citado acima, com progesterona. Ambos são aplicados e removidos no consultório com procedimentos relativamente simples", esclarece.
Minipílula
Tem eficácia menor do que a das pílulas comuns por ser composta de progesterona em baixa dose, mas é recomendada para mulheres que estiverem amamentando.
Fontes: Médica oncoginecologista Lenira Maria de Queiroz Mauad e Folha Equilíbrio
Fundação Dr. Amaral Carvalho - http://www.amaralcarvalho.org.br/
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TENHO 53 ANOS E PASSEI UNS 2 ANOS SEM TOMAR ANTICONCEPCIONAL, AGORA QUERO RECOMEÇAR PARA EVITAR A GRAVIDEZ, POIS AINDA TENHO CICLO MENSTRUAL, TOMAVA HARMONET, POSSO CONTINUAR TOMANDO O MESMO ANTICONCEPCIONAL.
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