Está na hora de os países demonstrarem que é sério seu compromisso com o combate às mudanças climáticas
Domingo, dia em que finaliza o prazo para os países colocarem no Acordo de Copenhague as metas e detalhes de seus programas de redução de emissões, é a oportunidade para que as nações que pressionam por um acordo do clima demonstrem que estão falando sério sobre essa questão, declarou a Rede WWF.
“O Acordo de Copenhague estabelece, atualmente, um objetivo consensual: manter o aquecimento global abaixo do limiar de perigo de dois graus centígrados”, disse Kim Carstensen, líder da Iniciativa Global do Clima da Rede WWF.
Termina o prazo auto-imposto pelos países para colocar no papel o que eles irão realmente fazer para manter o mundo fora desse nível de perigo.”
Para a grande maioria dos países, disse Cartensen, isso significa aumentar consideravelmente os compromissos por eles assumidos até agora.
“As reduções de emissões colocadas na mesa em Copenhague estavam claramente nos encaminhando a um aumento no aquecimento global de três graus centígrados ou mais, mesmo sem levar em conta os muitos e grandes furos decorrentes de alegações dúbias sobre reduções de emissões e de contabilidade duplicada para estas reduções,” afirmou Carstensen.
As metas para as nações desenvolvidas que o WWF busca devem se aproximar, até 2020, do limite superior da faixa de 25 a 40% de reduções das emissões, com relação aos níveis de 1990. Em Copenhague, somente a Noruega alcançou esse nível ambicioso, com uma meta de 40% de redução. O Japão anunciou uma meta de menos 25% no Acordo, o que não está tão longe assim do nível desejado, enquanto a Austrália decepcionou, esta semana, ao anunciar sua intenção de manter sua meta de 5% de redução.
“Quanto às nações desenvolvidas que fizeram o máximo para forçar o Acordo de Copenhague, receamos que ainda exista um grande descompasso entre seu objetivo de manter o mundo longe do perigo climático e as medidas que elas estão preparadas para adotar a fim de realmente atingirem essa meta”, disse Carstensen.
As principais economias emergentes – o Grupo BASIC composto pelo Brasil, África do Sul, Índia e China – anunciaram, no final de semana passado, sua intenção de cumprir o prazo de 31 de janeiro e com os programas de mitigação voluntária no âmbito do Acordo.
“Tal atitude desse grupo dos principais países em desenvolvimento é de grande ajuda. Nossa expectativa é de que eles irão anunciar um nível elevado de ambição e tomar providências urgentes, apresentando planos nacionais de ação bem claros para alcançar esse patamar”, disse Carstensen.
O coordenador do Programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, Carlos Rittl, destacou que a organização, no Brasil, espera que o Governo Federal informe ao secretariado da Convenção do Clima, até o final do mês, suas ações de mitigação e suas metas, como prometido em Nova Délhi, Índia, no dia 24 último, em declaração conjunta dos ministros participantes da reunião do BASIC.
“Precisamos de máxima transparência sobre os números, sobre os cálculos e projeções feitas pelo governo. É necessário um plano muito eficiente para atingir tais metas e mesmo ir além. Este plano deve ser o nosso atual Plano Nacional de Mudanças Climáticas revisado e detalhado como um verdadeiro plano de ação de baixo carbono”, disse Rittl.
Segundo ele, o plano deve definir mecanismos, medidas e ações que serão desenvolvidas para que o Brasil reduza suas emissões. “Assim, será possível que todos os setores de nossa sociedade trabalhem de forma coordenada com os Governos Federal, estaduais e municipais, em ações efetivas para contribuirmos com os esforços globais de combate às mudanças climáticas”, acrescentou Carlos Rittl.
A Rede WWF distribuiu documento intitulado “O Acordo de Copenhague: um primeiro passo?”, que faz uma análise de como o mundo pode iniciar essa jornada que parte do acordo político obtido em Copenhague para chegar a um tratado internacional do clima com obrigações legais, um objetivo a ser alcançado em dezembro próximo na Cidade do México. A rede ambientalista mundial disse, ainda, que continua esperando pelos anúncios de ajuda financeira no Acordo, pois isso é urgente para auxiliar os países em desenvolvimento a prevenir e enfrentar as mudanças climáticas.
“O público está consciente de que o mundo falhou em Copenhague e não fez o que era preciso fazer,” disse Carstensen. Ele concluiu: “No entanto, o problema das mudanças climáticas não vai desaparecer. Ele vai piorar. E o custo de lidar com esse problema vai aumentar na medida em atrasarmos as providências efetivas a serem tomadas”, concluiu.
Para mais informações:
Mais detalhes sobre o Acordo de Copenhague, como ele pode levar a um acordo internacional do clima com obrigações legais, as discrepâncias entre os compromissos de redução de emissões assumidos até agora e aquilo que se precisa para manter o aquecimento mundial abaixo do limiar de perigo dos dois graus centígrados, tudo isso pode ser encontrado no documento intitulado “O Acordo de Copenhague: um primeiro passo?”, o qual pode ser acessado em
http://assets.panda.org/downloads/the_stepping_stone_final_280110.pdf
Visite: http://www.wwf.org.br/
Sobre a Rede WWF
A Rede WWF é uma das maiores organizações ambientalistas independentes do mundo. Ela tem o apoio de quase 5 milhões de pessoas e uma rede mundial ativa em mais de 100 países. A missão da Rede WWF é acabar com a degradação do meio ambiente natural do planeta e construir um futuro onde os seres humanos vivam em harmonia com a natureza, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais renováveis e promovendo a redução da poluição e do desperdício de consumo.
Sobre o WWF-Brasil
O WWF-Brasil é uma organização não governamental brasileira dedicada à conservação da natureza com os objetivos de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e de promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. O WWF-Brasil, criado em 1996 e sediado em Brasília, desenvolve projetos em todo o país e integra a Rede WWF, a maior rede independente de conservação da natureza, com atuação em mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários.
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