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domingo, 31 de janeiro de 2010

Aspectos da vivência emocional no processo de perda gestacional

O resultado positivo do teste de gravidez anuncia a realização de um grande sonho. Que gostoso é imaginar o bebezinho crescendo dentro do próprio ventre, fantasiar seu rostinho, seu olhar... Mas, de uma hora para outra, o sonho vira um pesadelo com a constatação da perda gestacional.

Se considerarmos que trauma é toda vivência de algo inesperado, onde não conseguimos atribuir representação ou sentido ao fato, podemos, sim, considerar o aborto como potencialmente traumático. É muito difícil aceitar o que não podemos entender, o que não nos oferece respostas. “Como alguém pode morrer, antes de nascer?”. Essa é a pergunta freqüente das mães que não puderam ter o filho em seus braços. A experiência do aborto costuma ser solitária, por mais que existam pessoas à volta. O vazio e a tristeza são sentimentos bastante comuns neste momento, sendo importante e necessária a vivência do luto frente a esse acontecimento.

Em nossa sociedade, há uma tendência em não se reconhecer a experiência de luto que o aborto traz consigo, dificultando, assim, que ele possa ser vivenciado por quem o sofre, para ser elaborado. Muitas vezes, a própria mulher que vivencia o aborto tenta negar para si mesma a importância desse evento, visando, desta maneira, evitar o sofrimento.

Com o tempo passa?

É verdade que o tempo ajuda a fechar feridas, mas as cicatrizes são para sempre. O medo de engravidar novamente e de que ocorram novas perdas é um fantasma que persegue quem já vivenciou um aborto. Percebemos que essas mulheres custam a confiar novamente no próprio corpo. Ao mesmo tempo em que uma nova gestação significa grande alegria, ela também representa um momento de angústia, devido ao receio da repetição do abortamento.

Durante os nove meses seguintes, comportamentos como “conferir a calcinha” - para ver se há algum tipo de sangramento - assim como solicitar vários ultrassons ao obstetra - para ter a certeza de que o bebê está bem e vivo – são freqüentes. O psiquismo humano funciona através de associações. Se numa gravidez ocorreu perda, existe uma tendência natural a considerar que nas próximas gestações, ocorrerão perdas também.

A mulher que vivenciou a perda gestacional apresenta dificuldades para se sentir segura. É necessário um trabalho psicológico para resgatar a confiança em si mesma e no próprio corpo, para conseguir separar uma história mal sucedida da próxima que virá.

Em casos onde uma nova gravidez, após um aborto, já aconteceu, percebemos uma dificuldade de investimento afetivo na criança a ser gerada. Dá muito medo amar intensamente e depois perder, então, num mecanismo de defesa e de proteção contra a dor, essas mães acabam evitando olhar o bebê no exame de ultrasson, não acariciam a barriga, adiam a compra das roupinhas... São muitas as manifestações de insegurança que só costumam chegar ao fim com o nascimento do bebê.

Durante os nove meses de trajetória, é preciso buscar formas de se fortalecer emocionalmente, para passar por este período. É preciso encontrar um sentido positivo para a experiência do abortamento (apesar do sofrimento) para seguir em frente.

Luciana Leis é psicóloga. É especializada no tratamento de casais com problemas de fertilidade.
Fale com ela: luciana_leis@hotmail.com
http://twitter.com/lucianaleis
lucianaleis.wordpress.com
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