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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Lei antifumo protege até fumantes,diz pesquisa do Incor

Estudo inédito em 710 locais da cidade de SP aponta redução de monóxido de carbono no ar expelido por garçons que fumam

Uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas de São Paulo aponta que a lei antifumo, que entrou em vigor há quatro meses no Estado, ajuda a proteger até a saúde de pessoas que fumam, já que elas não estão mais expostas à fumaça do cigarro em ambientes fechados de uso coletivo.
O trabalho do Incor é o primeiro no mundo a utilizar a variável biológica, o monóxido de carbono, como indicador de redução de risco de exposição ambiental à fumaça do cigarro.
Foram realizadas medições de monóxido de carbono em 710 estabelecimentos da capital paulista, entre bares, restaurantes e casas noturnas, em dois momentos: antes de a lei entrar em vigor e ao final de três meses após o início da restrição, para avaliar as concentrações do poluente no ar dos ambientes, em garçons fumantes e em não-fumantes.
Os resultados apontaram o ar expelido por garçons fumantes, que apresentou nível médio de monóxido de carbono de 14 ppm (partes por milhão) antes da vigência da lei, passou para 9 ppm doze semanas depois, o que representa redução de 35,7%.
Para os garçons que não fumam, o impacto positivo foi ainda maior, passando de um índice de 7 ppm (equivalente ao de fumantes leves) para 3 ppm (nível de não fumante).
Já a medição realizada para verificar a poluição tabágica ambiental o nível médio de monóxido de carbono nos estabelecimentos caiu de 5 ppm para apenas 1. “Isso significa sair de um período de horas parado em um túnel congestionado de carros e ir diretamente para um parque arborizado”, afirma Jaqueline Scholz Issa, cardiologista do Incor e coordenadora da pesquisa.
Em ambientes parcialmente fechados e abertos, a medição apontou níveis médios de 4 ppm e 3 ppm, respectivamente, antes de a lei entrar em vigor. Doze semanas depois, os mesmos locais apresentaram registros médios de apenas 1 ppm de monóxido de carbono no ambiente. “Esses resultados enterram de vez o conceito de fumódromo. Não há ambiente seguro para o ser humano com qualquer concentração de fumaça do cigarro no ar”, ressalta a médica.
No organismo humano, o monóxido de carbono concorre com o oxigênio – isso significa menor oxigenação do sangue, células e tecidos e, consequentemente, maior oxidação no organismo. Aos poucos, essa condição metabólica acelera o envelhecimento do endotélio, que é a camada de células que formam a parede de vasos e artérias do corpo humano.
Num processo em cascata, surgem inflamações e obstruções dessas vias de passagem do sangue no organismo, que, nessa condição, não conseguem alimentar de oxigênio e nutrientes as células, tecidos e órgãos do corpo humano. Esse processo de envelhecimento acelerado dos vasos é conhecido como aterosclerose e sua evolução leva à ocorrência de infarto do miocárdio e de acidente vascular cerebral, além de trombose em membros diversos.
“Esse estudo demonstra claramente os benefícios da lei paulista que restringe o cigarro em ambientes fechados, protegendo as pessoas da fumaça nociva do tabaco. Trata-se de uma vitória da saúde pública e um exemplo a ser seguido”, afirma o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata.
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