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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

INDEPENDÊNCIA DO BRASIL: MITO E REALIDADE

Ricardo Barros*

No próximo dia 7 de setembro comemoraremos a independência do Brasil. Essa data é muito importante para o povo brasileiro, mas poucos cidadãos sabem o que de fato aconteceu naquele longínquo ano de 1822. Existem muitos mitos sobre a independência brasileira, alimentados pela mídia ou pelo senso comum.
O primeiro deles é considerar que a independência foi um fato isolado, um acontecimento heróico que teve na liderança de Dom Pedro a razão principal de sua existência. Muitos se esquecem de localizar a independência do Brasil como mais um capítulo da crise do antigo regime europeu e do antigo sistema colonial. Além disso, desde o século XVIII ocorriam diversas revoltas contra a metrópole portuguesa no Brasil, como a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana, que colocavam em xeque o poderio português na sua colônia americana.
Desde a chegada da corte portuguesa, em 1808, já se pensava na emancipação de nosso país. Em 1815, o Brasil foi elevado à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves, e esse fato político por si só determinava uma nova condição para o país. Seguindo esse viés, o ano de 1822 foi uma etapa natural do processo de independência de uma nação submetida ao jugo de um povo europeu. Talvez essa visão heróica dos acontecimentos que envolveram o 7 de setembro tenha sido eternizada pela pintura de Pedro Américo, Independência ou Morte. O quadro nos mostra a figura de Dom Pedro ao centro, num ato bravo, declarando nossa emancipação política. Entretanto, é desconsiderado o fato de que o quadro foi uma encomenda do Imperador Pedro II, que queria eternizar aquele momento-chave para a história brasileira. Dizem que Pedro Américo teria se inspirado em Ernest Meissonier, o que era comum aos pintores da época. O quadro de Pedro Américo é quase uma cópia de Napoleão III na Batalha de Solferino.
O segundo mito sobre a independência brasileira é de que ela teria alterado muitas das características políticas, econômicas e sociais existentes na época. Isso não é verdade. A independência serviu para consolidar o modelo monárquico, agroexportador, baseado na mão- de-obra escrava negra e numa sociedade desigual, altamente concentradora de riquezas.
O terceiro mito é o de que não houve nenhuma participação popular no processo de independência. Isso também não é verdade. Houve guerras sim, em várias partes do país. Em províncias distantes do centro sul do Brasil, como Bahia, Cisplatina, Grão-Pará e Maranhão, os conflitos foram intensos e houve muitas mortes.
Enfim, o 7 de setembro se aproxima e devemos utilizar essa data para pensar em nossa nacionalidade, naquilo que produzimos de positivo para o mundo, mas também nos nossos problemas e lutar para solucioná-los a fim de deixarmos um país mais digno e honesto para as futuras gerações.

*Ricardo Barros é professor de História do Colégio Paulista (COPI). Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Bacharel em História e Licenciado em Pedagogia pela mesma universidade.
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