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terça-feira, 15 de setembro de 2009

Gestão internacional de RH: essência é respeitar a diversidade cultural

*Jaime Martins
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No mundo contemporâneo, marcado pelas atividades em escala global, é cada vez mais comum que organizações dos mais diversos portes e áreas de atividades estejam presentes em diversos países, com culturas bastante diferentes, não só corporativas, mas também de relacionamento pessoal. Nessa situação, os responsáveis pelo gerenciamento de profissionais em organizações multinacionais devem ter em mente que há algumas questões essenciais para o sucesso nessa empreitada e elas estão relacionadas, fundamentalmente, ao respeito à diversidade cultural.
A principal característica a que os gestores internacionais precisam atentar relaciona-se à necessidade de entender quais são as diferenças culturais que existem de país para país e aprender a lidar com elas, de maneira construtiva. No dia a dia dos negócios, é essencial compreender como as pessoas se comportam, o que é mais valorizado, como se tomam decisões, quais gestos são apropriados ou inapropriados, entre alguns outros itens. Para isso, são necessárias muita flexibilidade mental e bastante disposição para aprender e aceitar regras novas.
Um ponto crucial para uma gestão internacional bem-sucedida é aprender o idioma do lugar ou dos lugares onde se vai atuar. A aprendizagem do idioma traz consigo uma série de ensinamentos sobre a cultura, os hábitos, as tradições e o comportamento das pessoas. Quando não for possível a aprendizagem do idioma, pelo menos deve se fazer um esforço para aprender as palavras e saudações básicas daquela cultura. Além disto, é importante prestar muita atenção na maneira como se tomam decisões. Existem lugares e países com uma cultura hierárquica definida, pela qual se espera que os líderes sejam responsáveis pela tomada de decisões, tais como na Índia e Chile, somente para exemplificar. Em outros lugares, o processo decisório é mais consensual e se torna malvisto alguém que assume totalmente a responsabilidade pelas decisões. Por outro lado, em alguns países, como Colômbia, México e China, por exemplo, é quase impossível obter uma resposta por meio de um "sim" ou um "não". As pessoas não respondem de maneira tão objetiva. Isto é um traço cultural que muitas vezes pode dar a impressão de que as pessoas não colaboram, ou que não assumem responsabilidades, ou que são evasivas etc. Enxergar as coisas sob esse prisma é um erro porque, na verdade, elas se comportam assim de maneira natural e intuitiva, ou seja, são traços culturais.
É possível utilizar métodos e procedimentos uniformizados nessa gestão, porém é importante entender que, para gerenciar pessoas em diferentes países e culturas, o mais importante é ser consistente. Mas, ser consistente não significa necessariamente adotar procedimentos-padrão, empregados em todos os lugares. As empresas globais sempre buscam essa uniformização de processos, entretanto, cabe aos gestores locais identificar o que pode ser uniformizado e aquilo que deveria ser adaptado ou customizado. Nem sempre é fácil ou aplicável, porque as empresas sabem que se não forem firmes quanto a essa questão de uniformização, não existirão processos globais e sim meras soluções locais, que têm um custo altíssimo para uma gestão globalizada.
A internet e outros mecanismos on-line são auxiliares importantes nesse gerenciamento, porque, a partir dos meios de comunicação mais amplos e informais, pode-se aprender muito sobre a cultura e as normas de conduta de uma sociedade. A internet abriu um mundo inesgotável de possibilidades para a adaptação a culturas diferentes. Hoje é extremamente simples e eficaz buscar informações sobre qualquer cultura ou país e se preparar para reuniões, conferências, negociações etc. Ferramentas como as redes sociais (Twitter, Orkut, Facebook etc.) também são fundamentais porque criam elos de amizade e, às vezes, até de intimidade entre as pessoas, o que as aproxima e reduz as barreiras naturais de comunicação.
Outro aspecto importante na gestão internacional está relacionado a evitar comparações e generalizações. Não existe certo ou errado na maneira como cada país, povo ou grupo étnico se comporta. As pessoas são assim e provavelmente não querem mudar. Aliás, este é outro elemento importante em gestão internacional. Não se pode alterar a cultura, a religião e a realidade política de um país. Como gestor internacional, é fundamental entender como funcionam essas três dimensões e respeitá-las; simples assim. A atenção criteriosa a essas questões essenciais pode representar o caminho para uma gestão bem-sucedida de pessoas em países de diferentes culturas.
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Jaime Martins é diretor de Recursos Humanos para a América Latina da CH2M Hill, líder global em engenharia multidisciplinar, gerenciamento, construção, operações e meio ambiente e gerencia cerca de mil profissionais baseados nos escritórios do Brasil, Argentina, México, Panamá e Porto Rico.
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