Chat da Perkons reuniu 30 especialistas, que sugeriram ações integradas a fiscalização
Poucas, ineficientes e pontuais. Assim são as campanhas educativas para o trânsito realizadas no Brasil, segundo a análise de especialistas em trânsito que participaram nesta quinta-feira (10) do chat organizado pela empresa Perkons S/A para debater a educação para o trânsito com foco em campanhas, mobilização e informação para a sociedade.
"São raros os espaços destinados a campanhas de educação para o trânsito em larga escala", afirmou a psicóloga Gislene Macedo, professora da Universidade Federal do Ceará/Sobral. Para ela, as campanhas de marketing são pontuais e não cumprem seus objetivos. "Para funcionar mesmo, são necessárias outras ferramentas que vão além de panfletagens e outdoors. O problema é que os recursos destinados à educação no Brasil são pouquíssimos e empobrece o caráter permanente das ações de longo prazo", advertiu.
A jornalista Ana Cláudia Freire, produtora da TV Paranaense/Rede Globo e coordenadora de pauta da campanha Respeito ou Morte, realizada pela Rede Paranaense de Comunicação (RPC), concorda que as campanhas educativas para o trânsito ainda são poucas diante das necessidades de formação de um novo comportamento para motoristas e pedestres. "Os meios de comunicação só agora começam a se envolver de forma mais efetiva", admite.
A RPC iniciou em junho passado a campanha Respeito ou Morte. Além da veiculação de peças publicitárias em todos os seus canais de comunicação, os jornais, TVs, rádios e portal da RPC estão produzindo conteúdo relacionado ao tema. "Percebemos que só mostrar os acidentes não resolvia. Precisávamos discutir com a sociedade as causas e soluções", explicou Ana Cláudia. Segundo ela, desde que a campanha começou houve uma redução de 77% no número de mortes em acidentes de trânsito em Curitiba e a população está participando enviando sugestões de temas, imagens de flagrantes e usando os adesivos da campanha nos carros.
Para a publicitária Maria Amélia Franco, gerente de Marketing da Perkons S/A e responsável pelo portal www.educacaoetransito.com.br, a produção de conteúdo, como a RPC tem realizado, traz melhores resultados que somente a veiculação de peças publicitárias. Segundo ela, o conteúdo jornalístico tem melhor crédito da população.
Mas os participantes do chat, no total de 30 pessoas, lembraram dois exemplos de campanhas educativas para o trânsito: uma eficiente e outra sem resultados. Philip Gold, consultor em Segurança de Trânsito, lembrou que a campanha sobre o uso do cinto de segurança, em São Paulo, durou um ano e meio, foi constante e resultou em aumento do uso do equipamento de 8% para 98%, quando acoplada à fiscalização.
Em contraponto, foi lembrado que todo o esforço realizado de combate ao consumo de álcool pelos motoristas, com aprovação da lei de tolerância zero, campanhas educativas e aumento da fiscalização está sendo derrotado pelo simples fato dos motoristas se negarem a fazer o teste do bafômetro.
Por isso, Gold defendeu educação para as crianças e fiscalização e punição para os adultos. "Educação de trânsito começa com crianças. Através da lei, atingiremos os adultos", afirmou. Segundo ele, educação não funciona sem regras e punições.
A psicóloga Gislene Macedo completou a discussão lembrando que "super valorizar a educação é desconsiderar que há uma dimensão atravessando as formas de organização social. A educação é complementar a outras medidas em toda a sociedade. Um governo que incentiva a compra de veículos individuais como saída de mobilidade não está de fato comprometido com o trânsito e com a saúde pública", provocou.
314/09 - Os participantes do chat da Perkons também analisaram a Resolução 314/09 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que estabeleceu padrões e critérios para as campanhas educativas de trânsito. Para o publicitário Fernando Pedrosa, que trabalha há dez anos com esse tema, a resolução inibe a liberdade de criação e expressão das entidades. Já Paulo Cesar Marques da Silva, professor da área de tráfego na UnB, disse que a resolução orienta as boas práticas, estimulando a segurança, a promoção da cidadania, a identificação de públicos e a pesquisa. A publicitária Maria Amélia concordou. "A resolução é uma evolução, pois antes não havia diretrizes. Como comunicadora, vejo que planejar campanhas ajuda a criar os projetos de forma mais consistente.", destacou.
Todo o conteúdo do chat pode ser acessado pelo site www.perkons.com no link chat. Em www.perkons.com.br/boaspraticas é possível conhecer, promover, estimular e compartilhar ações e experiências de boas práticas no trânsito.
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Poucas, ineficientes e pontuais. Assim são as campanhas educativas para o trânsito realizadas no Brasil, segundo a análise de especialistas em trânsito que participaram nesta quinta-feira (10) do chat organizado pela empresa Perkons S/A para debater a educação para o trânsito com foco em campanhas, mobilização e informação para a sociedade.
"São raros os espaços destinados a campanhas de educação para o trânsito em larga escala", afirmou a psicóloga Gislene Macedo, professora da Universidade Federal do Ceará/Sobral. Para ela, as campanhas de marketing são pontuais e não cumprem seus objetivos. "Para funcionar mesmo, são necessárias outras ferramentas que vão além de panfletagens e outdoors. O problema é que os recursos destinados à educação no Brasil são pouquíssimos e empobrece o caráter permanente das ações de longo prazo", advertiu.
A jornalista Ana Cláudia Freire, produtora da TV Paranaense/Rede Globo e coordenadora de pauta da campanha Respeito ou Morte, realizada pela Rede Paranaense de Comunicação (RPC), concorda que as campanhas educativas para o trânsito ainda são poucas diante das necessidades de formação de um novo comportamento para motoristas e pedestres. "Os meios de comunicação só agora começam a se envolver de forma mais efetiva", admite.
A RPC iniciou em junho passado a campanha Respeito ou Morte. Além da veiculação de peças publicitárias em todos os seus canais de comunicação, os jornais, TVs, rádios e portal da RPC estão produzindo conteúdo relacionado ao tema. "Percebemos que só mostrar os acidentes não resolvia. Precisávamos discutir com a sociedade as causas e soluções", explicou Ana Cláudia. Segundo ela, desde que a campanha começou houve uma redução de 77% no número de mortes em acidentes de trânsito em Curitiba e a população está participando enviando sugestões de temas, imagens de flagrantes e usando os adesivos da campanha nos carros.
Para a publicitária Maria Amélia Franco, gerente de Marketing da Perkons S/A e responsável pelo portal www.educacaoetransito.com.br, a produção de conteúdo, como a RPC tem realizado, traz melhores resultados que somente a veiculação de peças publicitárias. Segundo ela, o conteúdo jornalístico tem melhor crédito da população.
Mas os participantes do chat, no total de 30 pessoas, lembraram dois exemplos de campanhas educativas para o trânsito: uma eficiente e outra sem resultados. Philip Gold, consultor em Segurança de Trânsito, lembrou que a campanha sobre o uso do cinto de segurança, em São Paulo, durou um ano e meio, foi constante e resultou em aumento do uso do equipamento de 8% para 98%, quando acoplada à fiscalização.
Em contraponto, foi lembrado que todo o esforço realizado de combate ao consumo de álcool pelos motoristas, com aprovação da lei de tolerância zero, campanhas educativas e aumento da fiscalização está sendo derrotado pelo simples fato dos motoristas se negarem a fazer o teste do bafômetro.
Por isso, Gold defendeu educação para as crianças e fiscalização e punição para os adultos. "Educação de trânsito começa com crianças. Através da lei, atingiremos os adultos", afirmou. Segundo ele, educação não funciona sem regras e punições.
A psicóloga Gislene Macedo completou a discussão lembrando que "super valorizar a educação é desconsiderar que há uma dimensão atravessando as formas de organização social. A educação é complementar a outras medidas em toda a sociedade. Um governo que incentiva a compra de veículos individuais como saída de mobilidade não está de fato comprometido com o trânsito e com a saúde pública", provocou.
314/09 - Os participantes do chat da Perkons também analisaram a Resolução 314/09 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que estabeleceu padrões e critérios para as campanhas educativas de trânsito. Para o publicitário Fernando Pedrosa, que trabalha há dez anos com esse tema, a resolução inibe a liberdade de criação e expressão das entidades. Já Paulo Cesar Marques da Silva, professor da área de tráfego na UnB, disse que a resolução orienta as boas práticas, estimulando a segurança, a promoção da cidadania, a identificação de públicos e a pesquisa. A publicitária Maria Amélia concordou. "A resolução é uma evolução, pois antes não havia diretrizes. Como comunicadora, vejo que planejar campanhas ajuda a criar os projetos de forma mais consistente.", destacou.
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